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Piratininga localiza-se na região conhecida como Alta Paulista, a noroeste do Estado de São Paulo, pertencente à Região Administrativa de Bauru. A origem da cidade remonta ao ano de 1887, quando na encosta da Serra do Veado, contraforte da Serra de Agudos, ergue-se um cruzeiro, a Santa Cruz. Constitui-se o antigo patrimônio de Santa Cruz dos Inocentes, fundado em 18 de maio de 1895. O termo “Inocentes” está relacionado ao fato de que se tornou costume o sepultamento de crianças falecidas, em razão da grande distância de São Paulo de Agudos. O casal de lavradores residentes na Fazenda do Veado, Manoel Pedro Carneiro e Rita Maria da Conceição, doam à “Santa Cruz” um quinhão, ou seja, uma área de oito alqueires e uma quarta. Faustino Ribeiro da Silva, possuidor de vários bens que veio de Minas e se estabeleceu na região com sua família, foi responsável pela construção de uma pequena capela que atraiu a vinda de vários moradores para o povoado.
O coronel Virgílio Rodrigues Alves (ex-senador estadual e irmão do Conselheiro Francisco Rodrigues Alves – ex-governador do Estado de São Paulo e ex-presidente da República) e 59 sua esposa Maria Guilhermina de Oliveira Alves, também foram figuras importantes para o desenvolvimento da região, ao cederem, posteriormente, quinze alqueires de suas terras à Companhia Paulista de Estradas de Ferro para a formação da vila de Piratininga, a aproximadamente 400 metros do antigo Patrimônio de Santa Cruz, no vale do córrego do Veado e junto aos trilhos da ferrovia, local onde a cidade se encontra atualmente.
O coronel foi o maior cafeicultor da região e proprietário de várias fazendas, sendo a fazenda do Veado, atual São Pedro, a sede de todas assuas propriedades. Outro benemérito doador de terras para a Vila Piratininga foi o Sr. Joaquim Roque Ribeiro da Silva. As casas localizadas no antigo patrimônio de Santa Cruz dos Inocentes foram adquiridas por Virgílio Rodrigues Alves, com o objetivo de abrigar os colonos de suas fazendas. As primeiras construções de Piratininga foram feitas a partir do loteamento realizado pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro e o desenvolvimento da vila foi definitivamente marcado pela inauguração de uma estação ferroviária local. Logo, pode se afirmar que o desenvolvimento de Piratininga derivou das lavouras de café e, consequentemente, da instalação da ferrovia.
Conta que o núcleo urbano foi planejado pelo engenheiro Adolpho Augusto Pinto, Chefe do Escritório Central da Paulista. Seguindo um traçado bem original, a área foi dividida em lotes, os quais foram posteriormente vendidos a baixo preço e o produto doado a instituições. O nome da Vila também foi proposto pelo mesmo engenheiro, remetendo ao primeiro núcleo de civilização do planalto paulista, de 1554. A nova povoação, como São Paulo de Piratininga, teria uma importante tarefa histórica a cumprir. O traçado, característico de outras cidades que também possuíram estações ferroviárias, é ortogonal, como um “tabuleiro de xadrez”. Neste, existem duas vias públicas que cruzam o traçado em diagonal: partem da região mais baixa da cidade em direção à Igreja Matriz.
A estação foi inaugurada em 25 de janeiro de 1905, inicialmente localizada no ramal entre Pederneiras e Piratininga (Pederneiras, Itatingui, Piatã –Espírito Santo da Fortaleza –, Agudos, Taperão, Itapuã, Batalha e Piratininga), como ponta de linha do então ramal de Agudos.
O atual município de Piratininga foi elevado, em 30 de dezembro de 1907, à categoria de distrito do município de Bauru e, em 16 de dezembro de 1910, o distrito foi transferido para o município de Agudos. Posteriormente, em 17 de dezembro de 1913, Piratininga adquiriu autonomia municipal.
Foi núcleo avançado e marco da civilização na região da Alta Paulista, assim como referência histórica no traçado da ferrovia (Companhia Paulista de Estradas de Ferro), em sua arrancada para a Alta Paulista, cumprindo importante papel no avanço dos trilhos pelo oeste do Estado.
O município também conheceu o serviço de “jardineiras fechadas”, que transportavam passageiros entre as cidades de Bauru e Piratininga. Tal serviço deveu-se a uma requisição de concessão solicitada por Eugênio Paulucci em novembro de 1921 e durou até 1936, quando o ramal ferroviário entre estas duas cidades foram inauguradas. A partir de então, os trilhos de Piratininga passaram a configurar a linha tronco da Paulista.
Posteriormente, o município de Bauru passou a cumprir papel relevante de região nucleadora de linhas que conectavam o porto de Santos aos limites extremos do Estado. Piratininga foi considerada como centro abastecedor à boca do Sertão e, por muitos anos, também armazenou boa parte da produção cafeeira da região, recebendo a produção das fazendas vizinhas.
Em janeiro de 1940 foi inaugurada uma linha de jardineiras diárias que tinha conexão com o trem de Marília, entre as cidades de Pederneiras e Piratininga, passando por Agudos. Na mesma época também foi inaugurada a linha de jardineiras entre Garça e Piratininga, passando por Gália, Fernão e Duartina.
Com a construção de uma variante entre as cidades de Bauru e Garça, em 1976 a linha que unia estas - com traçado pelo sul da serra das Esmeraldas- foi suprimida e os trilhos retirados do leito ferroviário. Deste modo, a estação de Piratininga foi desativada desde então. O exemplar da Estação de Piratininga se apresenta como clássico das Estações de segunda classe da linha da Paulista, construído em alvenaria, com alguns elementos característicos daquela tipologia, com óculo, aberturas com a verga em arco abatido, relevo ao redor das envasaduras e mãos francesas que sustentam a cobertura da plataforma.
Logo, a Estação de Piratininga, modesta e bem preservada, com proposta de tombamento deste GEI, figura como a melhor representação daquela parada e da cidade, dando conta de inserir Piratininga no quadro cultural do Estado em termos de patrimônio repleto de significações.
* Texto extraído do Parecer da Conselheira Márcia Naxara, Processo 59339/2009 (Estudo de Tombamento da Estação Ferroviária e Armazéns no Município de Piratininga).
Área do Município: 402 Km2
Limites: Bauru (Norte e Nordeste), Agudos (Sul e Sudeste), Duartina (Noroeste), Cabrália Paulista (Oeste) e Avaí (Norte e Noroeste)
Altitude Média: 517 m
População Total: 12.072 habitantes
População Masculina: 5.983
População Feminina: 6089
Densidade demográfica: 30,39 hab./Km2
Base territorial: 402 Km ²
Bioma: Cerrado e Mata Atlântica
Fontes: F. SEADE e IBGE